25.6.06

meu cordel estradeiro

a bença manoel chudu
o meu cordel estradeiro
vem lhe pedir permissão
pra se tornar verdadeiro

pra se tornar mensageiro
da força do teu trovão
e as asas da tanajura
fazer voar o sertão

meu moxotó coroado
de xiquexique e facheiro
onde a cascavel cachila
na boca do cangaceiro

eu também sou cangaceiro
e o meu cordel estradeiro
é cascavel poderosa
é chuva que cai maneira
aguando a terra quente
erguendo um véu de poeira
deixando a tarde cheirosa

é planta que cobre o chão
na primeira trovoada
a noite que desce fria
depois da tarde molhada

é seca desesperada
rasgando o bucho do chão

é inverno e é verão

é canção de lavadeira
peixeira de lampião
as luzes do vaga-lume
alpendre de casarão
a cuia do velho cego
terreiro de amarração
o ramo da rezadeira
o banzo de fim de feira
janela de caminhão

vocês que estão no palácio
venham ouvir meu pobre pinho
não tem o cheiro do vinho
das uvas frescas do lácio
mas tem a cor de inácio
da serra da catingueira
um cantador de primeira
que nunca foi numa escola

pois meu verso é feito a foice
do cassaco cortar cana
sendo de cima pra baixo
tanto corta como espana
sendo de baixo pra cima
voa do cabo e se dana!

cordel do fogo encantado - meu cordel estradeiro

Um comentário:

Vanessa disse...

Cordel do fogo encantado é bom demaaaaaais!!!