17.3.07

changes

still don’t know what i was waiting for
and my time was running wild
a million dead-end streets and
every time i thought i’d got it made
it seemed the taste was not so sweet
so i turned myself to face me
but i’ve never caught a glimpse
of how the others must see the faker
i’m much too fast to take that test

ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
don’t want to be a richer man
ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
just gonna have to be a different man
time may change me
but i can’t trace time

i watch the ripples change their size
but never leave the stream
of warm impermanence
so the days float through my eyes
but still the days seem the same
and these children that you spit on
as they try to change their worlds
are immune to your consultations
they’re quite aware of what they’re going through

ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
don’t tell them to grow up and out of it
ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
where’s your shame
you’ve left us up to our necks in it
time may change me
but you can’t trace time

strange fascination, fascinating me
ah changes are taking the pace i’m going through

ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
oh, look out you rock’n rollers
ch-ch-ch-ch-changes
(turn and face the strain)
ch-ch-changes
pretty soon now youre gonna get a little older
time may change me
but i can’t trace time
i said that time may change me
but i can’t trace time

david bowie - changes

13.3.07

a bondade é um ato anti-natural.
o pequeno zé tinha um balão vermelho.

a mãe o observava, sentada no banco da praça.

o garoto sorria, brincando com o cordão que o ligava ao balão. o pequeno zé corria e via o balão flutuar meio solto, meio preso atrás dele.

a pedra se interpôs entre o menino e sua corrida.

o menino caiu... o balão fugiu e subiu...

o menino chorou, enquanto via um ponto vermelho cada vez menor flutuar e desaparecer no céu.

o pequeno zé cresceu.

um dia, ensinaram a ele que a terra, o lugar onde ele e todo mundo morava, era como uma enorme bola que flutuava no espaço.

zé pensou que em algum lugar havia um menino triste, por ter deixado o mundo escapar...

encontros

ela chora ao telefone.

confusa, sem esperanças, fragilizada.

ele escuta o choro, as lágrimas parecem machucá-lo, abrindo um caminho até o seu coração.

ele a ama.

mas não sabe o que fazer.

ela diz que se odeia. ele pede para que ela não vá embora.

ela está perdida.

ele não sabe quem é.

ainda assim, eles precisam demais um do outro.
a luz entra pelas frestas da janela do prédio.

pequenos tijolos quadriculados filtram a luz, como milhares de olhos de insetos.

o mundo chega a mim fragmentado.

ainda assim, alguns dias ele parece grande demais.

busca

há algo perdido no mundo. sinto a falta dessa coisa. dessa coisa que não consigo nomear, mas que eu sei que deveria existir.

vivi a vida a procurar uma resposta para esse sentimento.

pensei estar louco algumas vezes. pensei estar próximo algumas vezes.

desejei que a resposta fosse alguém. busquei a resposta em braços e camas diferentes.

mas no fim da noite o silêncio me mantinha acordado.

o sentimento se tornou vazio. o vazio, desespero.

o desespero me levou ao mais fundo e mais escuro poço.

acho que de algum modo doentio, acreditei que lá haveria alguma resposta.

gastei minha juventude na busca.

tornei-me homem.

cínico.

me afastei de todos.

me afastei do mundo.

contemplei o vazio incomensurável do universo.

um universo de vazios.

um espelho de mim.