21.5.07

estou cheio de palavras vazias

há um segredo em cada coração.
que se esconde tanto e tão bem
que algumas vezes nem o dono sabe que esse segredo existe.
ele observa a cama vazia ao seu lado e sente falta do tempo em que aquilo o incomodava.
queria lembrar o nome dela.
perdido entre todo o lixo jogado no chão do quarto estava o coração dele.
ele quebra o espelho para encarar a si mesmo.
esperava ouvir uma voz conhecida no silêncio de seu quarto. as paredes de pedra o observavam. frias, insondáveis.
lá fora a chuva bati na janela, escorrendo em pequenos cristais translúcidos.
ele gostava da chuva. gostava de olhar os pingos na janela. de alguma forma, ver as gotas escorrerem trazia uma sensação boa.
o papel e o lápis jaziam no chão. palavras desconexas escritas em uma letra trêmula.
nos cantos das folhas, pequenos desenhos que escaparam entre uma idéia e outra.
queria ser outra pessoa.
o ar do quarto parecia-lhe carregado. não conseguia respirar.
a luz do dia se esvai em uma fuga demorada.
ele senta no canto do quarto, esperando ouvir uma voz conhecida.
lá fora a chuva continua a cair.
o lápis continua no chão.
o silêncio continua.