13.12.06

fragmentos...

eles se sentam juntos, em silêncio...

um vento frio sopra e a menina chega mais perto do rapaz, abraçando-o.

ele beija-lhe a testa...

no horizonte, novas cores pintam o céu, aos poucos.

eles olham o nascer de um novo dia e em seus corações, a semente de uma nova esperança brota...





o amor é flor frágil. precisa de cuidados. precisa de carinho e atenção.
o amor é flor que brota no meio das pedras. beleza em meio à aridez do mundo.

o amor é tênue... o amor é etéreo...

o meu amor é o que me move, certos dias.




porque eu quero tudo. e quero perder todos os medos, receios e pudores...
quero mergulhar.
quero morrer e nascer novamente... mil vezes num dia.
e quero você.

enjoy the silence

words like violence
break the silence
come crashing in
into my little world
painful to me
pierce right through me
cant you understand
oh my little girl

all i ever wanted
all i ever needed
is here in my arms
words are very unnecessary
they can only do harm

vows are spoken
to be broken
feelings are intense
words are trivial
pleasures remain
so does the pain
words are meaningless
and forgettable

all i ever wanted
all i ever needed
is here in my arms
words are very unnecessary
they can only do harm

enjoy the silence

depeche mode - enjoy the silence

12.12.06

eu queria um raio de sol.

não quero sombras, agora.

queria uma fada, vestida de sol.

preciso.
eu caminho entre eles, mas não sou um deles.

tenho a mesma aparência, sinto as mesmas sensações, ouço as mesmas músicas, mas ainda assim, não sou um deles.

não sou melhor ou pior.

sou apenas eu mesmo.

não vou nunca ser igual.

11.12.06

tabuleiro

eu olho para ela entre as luzes piscantes. o vestido longo se agita, dançando com ela ao som de the cure. ela não percebe meu olhar.

eu percebo cada movimento dela.

tenho paciência. esse é o meu jogo e aprecio cada lance, cada investida.

então, em um determinado momento, ela me percebe. estou longe o suficiente para que ela não entenda de imediato minhas intenções, mas perto o bastante para ela perceber que estou olhando em sua direção.

então, o jogo começa...

durante a noite, de forma quase que imperceptível, vou chegando mais perto. e mais vezes nossos olhares se cruzam. até que um sorriso inevitável se abre no rosto dela. desvio o olhar por um segundo, tímido.

há vários caminhos para o coração de uma mulher... os mais rápidos passam pelo desejo delas de cuidar de alguém. existem poucas que resistem a um ser carente.

e timidez é um sinal claro de carência.

finjo tomar coragem e ofereço um drink. ela não sabe, mas agora já não conseguirá ir embora.

conversamos um pouco. eu finjo ouvir. sempre funciona. as pessoas sempre estão a procura de alguém que as ouça.

todo o lance seria entediante, se a recompensa não fosse tão grande.

tenho que segurar minha vontade. só ela me denunciaria, agora.

dançamos juntos, corpos colados na pista. olhares encaixados. gosto dos olhos dela. gosto da mistura de sentimentos que vejo neles. o cheiro da pele dela é bom.

nos beijamos na pista. o gosto dela é suave. perfeita.

saímos dali... ela me leva ao seu apartamento. roupas caem no chão. ela geme baixo, frente aos avanços da minha língua.

chegamos à cama. nus, enroscados, um no outro. meu corpo e o dela.

ainda aqui, cada movimento meu é calculado. não sinto prazer na carne.

espero por algo mais profundo.

ela me puxa com força em sua direção. com o corpo pressionado contra o dela, eu faço o lance final:

ela me olha surpresa. mesmo sem conseguir ver os olhos dela, eu conheço a expressão perfeitamente. ela grita, tentando me afastar, mas meu abraço a impede.

eles sempre ficam desesperados, nessa hora.

os dentes abrem a carne do pescoço, com força. o gosto dos músculos e gordura logo é substituído por algo mais nobre.

um rio vermelho desce pelos ombros, até o peito. ela esperneia, sem conseguir fugir.

o gosto é familiar.

fecho os olhos e vejo tudo vermelho. escuto o coração dela batendo rápido e sinto o meu coração aumentando deu ritmo, acompanhando o dela.

um calor percorre meu corpo, começando pela cabeça e descendo pela espinha, até a base das costas. pequenos choques elétricos parecem percorrer meu corpo.

não paro de beber até que a batida no peito dela se torne débil demais até para os meus ouvidos.

o rosto ainda se concentra na expressão de dor e surpresa. ela me olha, sem reação alguma. os lençóis estão vermelhos, nossos corpos brilham, molhados de sangue.

eu a olho... ainda perfeita.

e aos poucos, o brilho dos olhos foge.

quase consigo perceber o momento em que a alma deixa o corpo dela.

fico ali durante algum tempo. extasiado.

beijo o rosto sem vida com carinho. ela e eu dividimos a mesma essência. por algum tempo, vejo o mundo como ela via.

lá fora, o dia começa a nascer.

toco a janela do quarto, sentindo o calor do sol do jeito que ela sentia. a sensação aos poucos vai embora.

como um vício, me pego pensando em uma próxima caçada.

eu ganhei o jogo...

pedaços

olho ela deitada na cama. as curvas do corpo nu ainda me causam um sentimento intenso.
eu sei tudo sobre ela, qual o jeito que ela gosta de dormir, como é o sorriso dela, qual a cor do olhar. e ao mesmo tempo, aquela mulher deitada na minha frente é uma completa estranha para mim.

por que tudo sempre retorna ao mesmo ponto? por que sempre pareço procurar algo que foge de mim quando chego perto. a minha felicidade parece água escorrendo das minhas mãos enquanto tento em vão agarrá-la.

passei a noite aqui, no sofá, olhando para ela e vendo outras mulheres em outras noites assim. há algo de belo na tristeza, eu dizia antigamente. agora, eu repudio essa beleza árida.

não quero deixá-la. não quero passar por aquela porta e descer as escadas. não quero atravessar a rua sem olhar para trás.

ao mesmo tempo, não consigo deixar de pensar que eu sou o causador de todas as coisas erradas aqui.

me sinto só. se todas as pessoas do mundo estivessem aqui, agora, eu me sentiria só. porque a minha alma se perdeu da única alma que importava para mim.

me levanto em silêncio. caminho em direção a cama, sempre observando a respiração dela. beijo-a delicadamente na testa enquanto uma lágrima cai, escorrendo por nossos rostos.

adeus, meu amor.

eu passo pela porta e desço as escadas. atravesso a rua sem olhar para trás. mas um pedaço de mim ficou naquele quarto.

me pergunto sobre o dia em que não sobrarão mais pedaços.

10.12.06

prólogo

não vou escrever nossos nomes.

se você está lendo isso, provavelmente já conhece boa parte de nossa história. bom, acho que só a versão que a imprensa publicou.

essa é a minha versão sobre o que aconteceu naquele ano. não vou usar nomes, porque isso nos transformaria em pessoas, como você. e não somos como você. não somos nem mesmo pessoas.

somos uma idéia absurda, um desejo amoral.

somos nós.

eu havia guardado tudo o que aconteceu comigo. mas hoje de manhã aconteceu algo que me fez lembrar dela. então me vi escrevendo, como nunca havia escrito antes. página após páginas nasciam no computador. me vi novamente como uma criança, relembrando cada detalhes, cada lugar.

e relembrando das coisas que fizemos.
eu me senti feliz hoje.

realmente feliz... verdadeiramente feliz.


felicidade simples, que vem do ficar sem fazer nada do lado de quem importa.

não havia cobranças... não havia segredos... não havia nada além das pessoas que estavam ali, no chão da sala.

gostei de me sentir feliz.

quero mais... (sorriso)