13.10.06

baby steps, marcio... baby steps...

12.10.06

the catcher

acabei de ler um artigo sobre "o apanhador no campo de centeio"...

e... putz! só o artigo já fez com que eu me identificasse muito com a história!

ok. eu estava precisando muito ler um livro desses que modifica a vida da gente.

e acho que o apanhador é esse livro.
preciso ler finnegans wake.

2

- gostaria que houvesse uma maneira de entrar em seu mundo.

a expressão dele era quase de quem estivesse sonhando acordado. distante, olhando para o nada.
ela observou os olhos dele, longamente. queria de alguma maneira dizer a ele que o caminho não seria assim tão difícil.

- acho... vc, já foi bem distante, aqui.

ele sorriu.

- eu quero mais. ahhh... sempre quero mais!

- acho que é melhor assim. irmos com calma. sempre que me deixei levar, acabava numa cama, pensando que deveria haver mais, sentir mais.

ele a olhou, de forma intensa. um olhar de reconhecimento.

- eu entendo. já senti isso.

- você já amou alguém?

ele fita o chão, por um segundo, como se lembrasse de algo.

- já. e foi como aqueles amores de filmes antigos.

- e como é?

- você se sente totalmente à vontade com a pessoa e sabe que ela se sente assim com você também. é como se ela carregasse um pedaço de você que não está contigo. e a pessoa pode ter todos os erros, mas o que você sente sobrepuja isso.

- não sou boa em perdoar erros.

- eu também não. não mesmo. mas quando eu amo alguém, eu me entrego de uma maneira absurda.

ela fica quieta por um tempo, olhando a noite com um olhar um pouco triste.

- acho que nunca amei...

ele a abraça, apertando-a forte contra si, depois beija-a calma e longamente, fazendo carinhos no rosto dela. e então olha-a dentro dos olhos.

- eu quero fazer você feliz. quero que se sinta livre de todos os erros de antes. quero que se sinta leve. e quero que se sinta amada.

ela chora, encostada nos ombros dele. não é um choro ruim... é algo que ela não consegue explicar... mas, naquele instante, ela não gostaria de estar em nenhum outro lugar do mundo.

8.10.06

uma noite

ele a levou para longe da casa...

a praia estava completamente vazia, os últimos pássaros sobrevoavam o litoral

o barulho das ondas trazia uma calma diferente.

e

três momentos

a primeira vez foi carne.
bocas, respiração, transpiração e pernas.
sexo, sexo, sexo
a palavra não descreveria
era mais um turbilhão de líquidos e pele e desejo.
terminou rápido e forte, extasiante e cheio de força.

a segunda vez foi com o coração,
carinhos e frases no pé do ouvido,
brincadeiras e mãos percorrendo o corpo.
era um poema, era uma promessa.
terminou em suspiro e sorriso e abraço.

a terceira...
a terceira foi a vez da alma,
beijos que ultrapassavam a carne, olhares que queimavam por dentro,
tocaram-se onde ninguém havia alcançado antes, em silêncio, orquestrados pelos gemidos.
era tudo, era o mundo inteiro, cada parte da eternidade.
e terminou em amor.

limiar

ele fecha os olhos e começa a caminhar...

passo após passo, ele sente o vento soprar-lhe aos ouvidos.

os pés alinham-se, entre a terra e o vazio.

passo a passo, ele caminha no limite do abismo, testando a si mesmo.

há anos ele faz isso. há anos, ele deseja perder o rumo de si mesmo.

e ele caminha, passo a passo, testando a si mesmo.

mas hoje, hoje algo acontece.

um sussurro... uma voz diz seu nome... uma mão toca-lhe delicadamente o ombro.

hoje, os passos se distanciam lentamente do limiar...

seus pés alcançam um terreno mais seguro.

ele abre os olhos, que se inundam com a visão de um mundo diferente, cheio de novas cores...
olhos que queimam com um fogo intenso, em um rosto de menina...

e tem gente que não percebe...

tsc, tsc, tsc... (sorriso)
ela fala sobre o dia dela, com uma voz misturada, de menina e mulher e uma energia que passa através da linha telefônica e encontra um canto, dentro da minha cabeça.

eu escuto, imaginando as caras que ela faz. sorrio, com o ouvido encostado no telefone.

solto um "hummm...", quase sem querer.

ela pára, acho que tentando imaginar o que eu estou pensando.

eu fico sem jeito. quero falar, mas me pego pensando coisas demais...

"calma, marcio", penso... "vai haver uma hora pra isso tudo."

e no itunes, bowie canta "little wonder".