- gostaria que houvesse uma maneira de entrar em seu mundo.
a expressão dele era quase de quem estivesse sonhando acordado. distante, olhando para o nada.
ela observou os olhos dele, longamente. queria de alguma maneira dizer a ele que o caminho não seria assim tão difícil.
- acho... vc, já foi bem distante, aqui.
ele sorriu.
- eu quero mais. ahhh... sempre quero mais!
- acho que é melhor assim. irmos com calma. sempre que me deixei levar, acabava numa cama, pensando que deveria haver mais, sentir mais.
ele a olhou, de forma intensa. um olhar de reconhecimento.
- eu entendo. já senti isso.
- você já amou alguém?
ele fita o chão, por um segundo, como se lembrasse de algo.
- já. e foi como aqueles amores de filmes antigos.
- e como é?
- você se sente totalmente à vontade com a pessoa e sabe que ela se sente assim com você também. é como se ela carregasse um pedaço de você que não está contigo. e a pessoa pode ter todos os erros, mas o que você sente sobrepuja isso.
- não sou boa em perdoar erros.
- eu também não. não mesmo. mas quando eu amo alguém, eu me entrego de uma maneira absurda.
ela fica quieta por um tempo, olhando a noite com um olhar um pouco triste.
- acho que nunca amei...
ele a abraça, apertando-a forte contra si, depois beija-a calma e longamente, fazendo carinhos no rosto dela. e então olha-a dentro dos olhos.
- eu quero fazer você feliz. quero que se sinta livre de todos os erros de antes. quero que se sinta leve. e quero que se sinta amada.
ela chora, encostada nos ombros dele. não é um choro ruim... é algo que ela não consegue explicar... mas, naquele instante, ela não gostaria de estar em nenhum outro lugar do mundo.
12.10.06
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Um comentário:
Essa coisa de ser capaz de suplantar os erros antigos me intriga. Será possível passar por cima e nunca mais sentir pânico frente a certas situações?
a memória ruim não se desintegra. A ferida pode sarar, mas deixa uma cicatriz, sempre.
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