8.8.07

coração ferido

há um coração.
ele sangra.
lentamente, de feridas antigas.
ele sangra.
o sangue espalha-se.
rubro.
tinto.
a cada batida, mais sangue.
a cada batida, menos vida.

5.8.07

gostava de ir à igreja, quando pequena. tinha seus pequenos segredos.

sempre que os pais iam rezar, ela ficava olhando as imagens de santos.

imaginava que eles olhavam de volta para ela.

um dia, teve certeza que um deles piscou.
pista de dança.

luz negra.

pele branca.

olhar que enfeitiça.
andando no limite, novamente...

odeio isso.

e não consigo parar de olhar para baixo.

o problema não é apenas que eu não ligue para estar aqui.

o problema é que eu tenho curiosidade pelo que há lá embaixo.

mas tô cansado disso... de verdade.
queria dizer as palavras certas.

ao invés de sempre fazer chorar.

sempre me sinto o vilão de todas as histórias.

:(
apertava o próprio corpo com força, sem conseguir pensar em nada. o quarto parecia diminuir aos poucos. o azul da parede tornava-se um cinza cor de nada, até se tornar impossível ficar ali.

queria gritar, mas a voz morria na garganta.

trancou-se no banheiro, com dificuldade. olhou de relance o espelho, sem coragem de encará-lo.

ajoelhou-se no vaso e enfiou dois dedos na garganta, com força, expelindo o vômito.

de novo...

e de novo...

mas não conseguiu jogar fora o vazio.