27.1.06

definição sobre mim na linguagem matemática

eu sei que sou igual a todo mundo... mas ainda assim, sei que sou deslocado.

devo ser o resultado de uma matriz de transformação aplicada sobre um humano normal.
como pode um encontro de algumas horas marcar dias da vida de uma pessoa?

ok. homens são animais visuais... eu vi a casca e achei interessante, de verdade... mas foram os poucos vislumbres do que havia por dentro que me deixaram intrigado.

sonhei com olhos que me eram os portais de um reino feito de carne e sangue... pulsando de desejos escondidos...
acho que abri e fechei a página do blogger 3 vezes, hoje...

não sei se é o calor... não sei se são todas as coisas que estão passando em minha cabeça, agora... mas nesse momento, as coisas parecem um tanto quanto nebulosas...

não num sentido ruim... só que é mais ou menos uma daquelas horas em que vc precisa escolher um caminho. e sendo eu quem eu sou, é claro que esse caminho de alguma maneira envolve o meu coração.

é difícil, saber até quando uma impressão é só uma impressão. é difícil lembrar os caminhos tomados no passado, as coisas que eles ensinaram a não fazer...

mas é importante utilizar as coisas que os caminhos trilhados ensinam que são certas para nós...

mas eu continuo olhando para os vários caminhos que se apresentam, sem imaginar qual tomar... ia ser legal se eu pudesse ver no que eles vão dar.

alguém empresta uma delorean?

não rola, né?

ok...

fecho os olhos e sigo na direção que os meus outros sentidos me levarem...

onde eles me levarem... bom, é lá que vou estar.

24.1.06

não sei dizer exatamente o que é...

acha que me encantei pelas fagulhas que parecem sair dos olhos dela.
a fumaça preenchia o ar com cheiro de pólvora, enquanto os ouvidos dele ecoavam o barulho da revólver enferrujado.

no chão, um corpo parece estranhamente desprovido de humanidade, pela maneira como as pernas estavam dispostas. o sangue espesso e escuro formava uma poça, que refletia as luzes amarelas da iluminação de rua.

o homem com a arma não sentia nada. como o corpo estendido à sua frente, ele estava desprovido de alma.

ela lhe foi tomada aos poucos, diluída em copos cheios de bebida barata, em bares sujos onde ele se escondia da frustração de não conseguir mais trabalho.

ainda reside dentro dele uma lembrança que parece distante, sem foco, como um filme antigo: uma mulher (sua esposa?) reclamando de não ter comida em casa ela carregava uma criança nos braços e outra dentro de seu corpo (seus filhos? não se lembrava). eles discutiram. ele bateu nela.
ela revida com a faca...

o corpo dela e das crianças foi encontrado pelo vizinho, dias depois. o homem nunca voltou lá.

vivera na rua, desde então.

tornou-se viciado.

roubava para comprar mais pedras, pra queimar todas as dores do mundo na fumaça de um cachimbo improvisado de restos de lixo.

abaixou-se para pegar a carteira do homem. vasculhou-a, à procura de dinheiro. havia pouco. em um dos bolsos, uma foto de uma mulher e uma criança.

jogou-a fora.

levantou, dando uma última olhada para baixo. queria ter tido mais sorte... aquela grana ia dar para pouco crack.

colocou a arma por dentro da calça e se afastou.

não sente pena do homem.

ele também sabe o que é estar morto.

uma pequena história...

o olhar dela parece procurar por sinais de que ele é mesmo o garoto que ela conhecera, no passado. os cabelos dele estavam curtos, os fios prateados brilhavam e lhe davam aparência de pessoa mais velho ao mesmo tempo em que contrastavam com o olhar curioso e carregado de significado de uma criança.

ele corria o olhar pelo mundo, sempre procurando, investigando e questionando as coisas que aconteciam a sua volta.

ela pensava algumas vezes que nada seria grande o bastante para ele, porque ele tinha uma alma que não saciava com nada.

ele imaginou no passado que havia algo que fosse preencher o buraco em sua alma... mas sabia agora que não havia uma só resposta. precisava encontrar respostas todos os dias...

a noite de verão estava amena. os cabelos dela balançavam ao sabor da brisa que vinha do mar... eles caminhavam lado a lado, quase sem dizer nada.

eles pararam por alguns momentos e ele mostrou a ela um banco. eles se sentaram.

o barulho das ondas quebrando de encontro à mureta era o tudo o que se podia ouvir.

ela pegou a mão dele, acariciando de leve os dedos, sentindo a pele... ele sempre ficava sem jeito com as manifestações de carinho gratuitas dela... sorriu um pouco sem jeito e voltou a olhar o oceano.

começaram a conversar... como não conversavam a tempos... sem pressa... sem hora para terminar... pela primeira vez os dois sentiram que estavam falando tudo e estavam sendo escutados.

a lua correu pelos céus, olhando pelos dois... parecia querer participar da conversa, da forma em que parecia mandar seus raios prateados na direção da praia.

ela chorou... por tudo o que acontecera antes... por tudo o que acontecera desde então... por tudo, enfim... ele a abraçou, forte, tomando-a toda em seus braços. ele a deitou e colocou a cabeça dela em seu colo, fazendo carinho em seus cabelos. ela adormeceu ali, nos braços dele.

e as ondas dançavam mais abaixo, iluminadas por uma lua de verão.

22.1.06

hell de janeiro

marcio olha para a tela em branco, à sua frente. o cursor pisca, impaciente, esperando por alguma idéia.

- droga! acho que meu cérebro derreteu...
imagine um conto aqui.
eu gostaria muito, muito, muito que um dia vc percebesse que o que eu te digo é porque eu me preocupo com vc...

mesmo que pareça tosco, pra vc... que seja muito contra os seus princípios...

eu tenho vontade de cuidar... me preocupo de verdade... é por isso que falo algumas coisas que vc não gosta.

mas vc não gosta de pensar que eu estou certo... então eu me sinto frustrado, porque eu sei que as coisas poderiam ser mais fáceis pra vc...

mas, olha... tenta só não se meter em encrencas, ok?

e se cuida. de verdade!