22.12.06
20.12.06
trapezistas do vazio
ela acorda assustada.
na penumbra ela procura localizar-se. não conhece o quarto, mas parece ser um quarto genérico de hotel. em volta do seu corpo, um braço desconhecido descansa.
a jovem tenta se lembrar de como foi parar ali, mas a dor de cabeça intensa afasta qualquer possibilidade de explicação.
a nudez indolente do homem ao seu lado e um gosto salgado em sua boca a fazem imaginar o que teria acontecido.
ela se sente envergonhada. lembra de outras camas em outros hotéis. outras noites passadas na companhia de um estranho.
lembra do garoto que ela deixou em casa. provavelmente estaria dormindo. seu coração aperta em saber que ele está sozinho e que a culpa é só dela.
de repente, o braço à sua volta parece apertar mais. as paredes do quarto parecem se aproximar, fechando-se ao seu redor. respirar é difícil demais. ela precisa sair.
a dor de cabeça parece diminuir quando ela sai na rua. nas mãos um maço de cigarros roubado do casaco do homem. ele nem mesmo percebeu que ela saiu do quarto.
cambaleando, ela atravessa ruas, em direção à sua casa.
a fumaça do cigarro não preenche o enorme vazio que há em seu peito.
em um bar, um homem olha para o nada, segurando um copo. ele não está bêbado. gostaria, mas não tem coragem de fazer nem mesmo isso.
"hoje ela faria 35", ele pensa. em sua cabeça, imagens de um passado que parece quase inexistente dançam.
sonhou com ela novamente, mais cedo. acordara tremendo, na cama.
fugiu de sua própria casa, como sempre fazia quando a dor era forte demais. caminhou respirando o ar da noite. prostitutas lhe ofereciam alívio. ele as recusava.
o alívio que elas ofereciam nunca lhe foi suficiente.
ele toma o último gole e levanta-se. o ar noturno está frio e sombras passam, cobertas em casacos pesados.
ele caminha sem saber onde chegar.
ela e ele se cruzam. por um instante ,se olham.
e por um instante, é como se os dois se reconhecessem.
os olhares se afastam.
mas uma lembrança desse momento os seguirá.
na penumbra ela procura localizar-se. não conhece o quarto, mas parece ser um quarto genérico de hotel. em volta do seu corpo, um braço desconhecido descansa.
a jovem tenta se lembrar de como foi parar ali, mas a dor de cabeça intensa afasta qualquer possibilidade de explicação.
a nudez indolente do homem ao seu lado e um gosto salgado em sua boca a fazem imaginar o que teria acontecido.
ela se sente envergonhada. lembra de outras camas em outros hotéis. outras noites passadas na companhia de um estranho.
lembra do garoto que ela deixou em casa. provavelmente estaria dormindo. seu coração aperta em saber que ele está sozinho e que a culpa é só dela.
de repente, o braço à sua volta parece apertar mais. as paredes do quarto parecem se aproximar, fechando-se ao seu redor. respirar é difícil demais. ela precisa sair.
a dor de cabeça parece diminuir quando ela sai na rua. nas mãos um maço de cigarros roubado do casaco do homem. ele nem mesmo percebeu que ela saiu do quarto.
cambaleando, ela atravessa ruas, em direção à sua casa.
a fumaça do cigarro não preenche o enorme vazio que há em seu peito.
em um bar, um homem olha para o nada, segurando um copo. ele não está bêbado. gostaria, mas não tem coragem de fazer nem mesmo isso.
"hoje ela faria 35", ele pensa. em sua cabeça, imagens de um passado que parece quase inexistente dançam.
sonhou com ela novamente, mais cedo. acordara tremendo, na cama.
fugiu de sua própria casa, como sempre fazia quando a dor era forte demais. caminhou respirando o ar da noite. prostitutas lhe ofereciam alívio. ele as recusava.
o alívio que elas ofereciam nunca lhe foi suficiente.
ele toma o último gole e levanta-se. o ar noturno está frio e sombras passam, cobertas em casacos pesados.
ele caminha sem saber onde chegar.
ela e ele se cruzam. por um instante ,se olham.
e por um instante, é como se os dois se reconhecessem.
os olhares se afastam.
mas uma lembrança desse momento os seguirá.
19.12.06
acid mode on?
e ainda assim, adoro ficar deitado do seu lado, vendo filme.
ali parece o lugar perfeito...
como vc faz isso, hein?
ali parece o lugar perfeito...
como vc faz isso, hein?
acid mode on III
sim, eu gosto de facas.
e de sangue.
e de ler sobre coisas que ninguém mais parece gostar.
e de ver filmes estranhos.
e desenhar sempre as mesmas coisas.
e de fotografar coisas que só eu entendo.
não. eu não sou igual a ninguém que você conhece.
eu nem sou uma pessoa.
sou só eu.
ainda estou tentando descobrir o que isso significa.
e de sangue.
e de ler sobre coisas que ninguém mais parece gostar.
e de ver filmes estranhos.
e desenhar sempre as mesmas coisas.
e de fotografar coisas que só eu entendo.
não. eu não sou igual a ninguém que você conhece.
eu nem sou uma pessoa.
sou só eu.
ainda estou tentando descobrir o que isso significa.
acid mode on II
não, eu não amo o rio.
acho que não amo lugar nenhum no mundo.
ainda assim quero ver tudo.
vai que eu estou errado, né?
acho que não amo lugar nenhum no mundo.
ainda assim quero ver tudo.
vai que eu estou errado, né?
acid mode on
pensamentos são tão preciosos.
por que insistem em desgastar todos eles, transformando-os em conversas entediantes?
que os guardem até que valham a pena.
por que insistem em desgastar todos eles, transformando-os em conversas entediantes?
que os guardem até que valham a pena.
procura-se
procuro um texto perdido.
a última vez que foi visto, estava na cabeça de um certo escritor. desapareceu quando fazia o caminho da cabeça para o papel.
boa remuneração a quem encontrá-lo.
a última vez que foi visto, estava na cabeça de um certo escritor. desapareceu quando fazia o caminho da cabeça para o papel.
boa remuneração a quem encontrá-lo.
pra vc...
ele olha para um mundo que lhe parece cinza...
pessoas cinzas caminham por um asfalto cinza. carros cinzas param em sinais onde luzes cinzas alternam-se.
prédios cinzas tocam um céu cinza.
árvores de folhas cinzas balançam ao sabor de um vento cinza.
eu visto roupas cinzas.
de repente, você entrou na minha vida e de repente eu vejo cores.
pessoas cinzas caminham por um asfalto cinza. carros cinzas param em sinais onde luzes cinzas alternam-se.
prédios cinzas tocam um céu cinza.
árvores de folhas cinzas balançam ao sabor de um vento cinza.
eu visto roupas cinzas.
de repente, você entrou na minha vida e de repente eu vejo cores.
é estranho e difícil pensar em ir aos poucos.
eu sempre quis tudo de uma vez. sempre.
nunca me contentei em ir ao poucos. nunca me contentei em ter só o agora.
o agora sempre foi muito pouco. sempre tosco e sem vida, diante de todas as possibilidades futuras.
o problema era que eu me perdia nas possibilidades e deixava de viver o agora.
sempre gostei mais das cores com as quais a minha imaginação pinta o mundo do que as cores reais.
é tão complicado, viver o agora.
complicado demais viver com calma.
diminuir a velocidade.
sentir aos poucos.
eu ainda sinto a vontade de jogar muito mais combustível no fogo.
porque eu amo a chama.
mas nunca aprendi que ela queimava depressa demais desse jeito.
tenho que aprender a alimentar o fogo aos poucos.
é muito difícil.
mas eu quero aprender.
eu sempre quis tudo de uma vez. sempre.
nunca me contentei em ir ao poucos. nunca me contentei em ter só o agora.
o agora sempre foi muito pouco. sempre tosco e sem vida, diante de todas as possibilidades futuras.
o problema era que eu me perdia nas possibilidades e deixava de viver o agora.
sempre gostei mais das cores com as quais a minha imaginação pinta o mundo do que as cores reais.
é tão complicado, viver o agora.
complicado demais viver com calma.
diminuir a velocidade.
sentir aos poucos.
eu ainda sinto a vontade de jogar muito mais combustível no fogo.
porque eu amo a chama.
mas nunca aprendi que ela queimava depressa demais desse jeito.
tenho que aprender a alimentar o fogo aos poucos.
é muito difícil.
mas eu quero aprender.
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