24.6.05
a última visita do cavaleiro doente
"meu mal?", prosseguiu. "meu mal? você acredita então, como todos os outros, que eu sofra de algum mal? que exista um mal que seja meu? por que não dizer que eu sou, eu mesmo, um mal? não há nada que seja meu, percebe? não há nada que me pertença. eu é que sou de alguém, e existe alguém a quem eu pertenço!"
23.6.05
ele a cobre gentilmente para livra-lá do frio do final da tarde de outono e observa a sua respiração rápida...
sentado ao lado dela, na cama, ele acaricia os cabelos finos como os de uma criança e pensa nos anos que eles passaram juntos... não foram muitos... mas foram felizes... muitos casais vivem uma vida inteira juntos e não podem se dizer felizes de verdade... mas eles foram...
mesmo quando souberam da doença dela... depois das primeiras semanas, ela mesmo cuidou para que ele não se deprimisse... eles sairam muitas e muitas vezes...
ele se lembra da tarde em que passaram no campo, caminhando e conversando, por horas e horas, sobre tudo, mas evitando o assunto proibido. o cabelo dela parecia brilhar, com reflexos da luz do sol do final da primavera. depois de algum tempo, eles sentara-se perto de uma árvore, para descansar.
enquanto ele lia um livro de poemas (o preferido dela), a jovem o encarou com um olhar sério e disse:
- eu vou morrer.
o rapaz fitou os olhos claros em silêncio, sem saber o que dizer.
- nós dois sabemos que eu vou morrer. para que nós fingimos que isso nunca vai acontecer? por que nunca tocamos no assunto?
- eu... tenho medo de perder você.
- e eu de perder você... mas é assim que as coisas são. olhe...
ela abriu a palma da mão e mostrou uma pequena flor, delicada, com pétalas que iam de um vermelho vivo a um branco pálido e sedoso.
- essa flor é tão delicada e tão frágil... não durará muito tempo, agora que eu a retirei do solo... mas mesmo assim ela é linda... e estou feliz por tê-la encontrado.... e a beleza dela vai viver em mim, enquanto eu me lembrar dela.
- eu quero que seja assim conosco. quero que depois que eu for, uma parte de mim esteja viva em você e o acompanhe... e que você lembre-se de nosso amor... e seja feliz por ter a lembrança dele.
ele pegou a flor, tomando-a delicadamente em seus dedos...
- eu a amo tanto... e vou lembrar sempre de você, minha querida.
- eu também te amo e vou estar sempre com você...
ele a beijou, debaixo daquela árvore, naquele dia de primavera, num tempo que parecia ter sido de outra vida...
agora ela está ali, na cama, com os olhos entreabertos e um sorriso que parece cansado...
- estava sonhando de novo, querido? - a voz parecendo um eco distante daquela voz doce que o homem tanto conhecia.
- acho que sim. - disse ele, esfregando uma lágrima do olho - você quer alguma coisa, minha amada?
- sim. você pode ler para mim um daqueles poemas que leu naquela tarde, no campo?
sorrindo, pela coincidência, ele concorda e se levanta, para buscar o livro.
ele o encontra na escrivaninha da biblioteca, escondido sob alguns documentos e atestados de médicos...
ele olha por alguns segundos, para o livro, sentindo de repente uma tristeza aguda, como uma saudade que toma todo o seu corpo, sem aviso.
por fim, o homem pega o livro e caminha para o quarto. assim que entra, percebe que a respiração que era fraca, havia cessado... os olhos de sua amada estavam fechados e no rosto, um sorriso calmo...
ele deixa o livro cair e senta-se ao lado da cama... o corpo parecendo pesar toneladas, de repente, o olhar no chão, onde, entre as páginas do livro de poemas, uma pequena flor seca descansa...
sentado ao lado dela, na cama, ele acaricia os cabelos finos como os de uma criança e pensa nos anos que eles passaram juntos... não foram muitos... mas foram felizes... muitos casais vivem uma vida inteira juntos e não podem se dizer felizes de verdade... mas eles foram...
mesmo quando souberam da doença dela... depois das primeiras semanas, ela mesmo cuidou para que ele não se deprimisse... eles sairam muitas e muitas vezes...
ele se lembra da tarde em que passaram no campo, caminhando e conversando, por horas e horas, sobre tudo, mas evitando o assunto proibido. o cabelo dela parecia brilhar, com reflexos da luz do sol do final da primavera. depois de algum tempo, eles sentara-se perto de uma árvore, para descansar.
enquanto ele lia um livro de poemas (o preferido dela), a jovem o encarou com um olhar sério e disse:
- eu vou morrer.
o rapaz fitou os olhos claros em silêncio, sem saber o que dizer.
- nós dois sabemos que eu vou morrer. para que nós fingimos que isso nunca vai acontecer? por que nunca tocamos no assunto?
- eu... tenho medo de perder você.
- e eu de perder você... mas é assim que as coisas são. olhe...
ela abriu a palma da mão e mostrou uma pequena flor, delicada, com pétalas que iam de um vermelho vivo a um branco pálido e sedoso.
- essa flor é tão delicada e tão frágil... não durará muito tempo, agora que eu a retirei do solo... mas mesmo assim ela é linda... e estou feliz por tê-la encontrado.... e a beleza dela vai viver em mim, enquanto eu me lembrar dela.
- eu quero que seja assim conosco. quero que depois que eu for, uma parte de mim esteja viva em você e o acompanhe... e que você lembre-se de nosso amor... e seja feliz por ter a lembrança dele.
ele pegou a flor, tomando-a delicadamente em seus dedos...
- eu a amo tanto... e vou lembrar sempre de você, minha querida.
- eu também te amo e vou estar sempre com você...
ele a beijou, debaixo daquela árvore, naquele dia de primavera, num tempo que parecia ter sido de outra vida...
agora ela está ali, na cama, com os olhos entreabertos e um sorriso que parece cansado...
- estava sonhando de novo, querido? - a voz parecendo um eco distante daquela voz doce que o homem tanto conhecia.
- acho que sim. - disse ele, esfregando uma lágrima do olho - você quer alguma coisa, minha amada?
- sim. você pode ler para mim um daqueles poemas que leu naquela tarde, no campo?
sorrindo, pela coincidência, ele concorda e se levanta, para buscar o livro.
ele o encontra na escrivaninha da biblioteca, escondido sob alguns documentos e atestados de médicos...
ele olha por alguns segundos, para o livro, sentindo de repente uma tristeza aguda, como uma saudade que toma todo o seu corpo, sem aviso.
por fim, o homem pega o livro e caminha para o quarto. assim que entra, percebe que a respiração que era fraca, havia cessado... os olhos de sua amada estavam fechados e no rosto, um sorriso calmo...
ele deixa o livro cair e senta-se ao lado da cama... o corpo parecendo pesar toneladas, de repente, o olhar no chão, onde, entre as páginas do livro de poemas, uma pequena flor seca descansa...
idéias
eu tenho idéias...
eu tenho idéias dentro de idéias... um mundo inteiro, um universo inteiro de idéias...
e elas existem meio que independentes de mim... aparecem nos momentos mais inesperados... é só eu baixar a guarda dos meus pensamentos rotineiros para elas se espalharem por todos os lados...
são mundos de dragões e alienígenas... de vampiros românticos e de amantes sinistros... mundos povoados por seres mágicos, ou por máquinas sem alma...
idéias de amantes... idéias de tiranos...
idéias e histórias... umas dentro das outras, numa espiral infinita...
infinita?
eu tenho idéias dentro de idéias... um mundo inteiro, um universo inteiro de idéias...
e elas existem meio que independentes de mim... aparecem nos momentos mais inesperados... é só eu baixar a guarda dos meus pensamentos rotineiros para elas se espalharem por todos os lados...
são mundos de dragões e alienígenas... de vampiros românticos e de amantes sinistros... mundos povoados por seres mágicos, ou por máquinas sem alma...
idéias de amantes... idéias de tiranos...
idéias e histórias... umas dentro das outras, numa espiral infinita...
infinita?
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