24.3.07

por que só eu escuto o choro de uma criança que não nasceu?

:(
você é a minha versão feminina...

e, por sorte, é muito mais bonita!!! (sorriso)

te amo, pequena garota de cabelos coloridos...

minha personal delirium!
ela se contorce durante o sono. sonha com algo crescendo dentro de seu corpo.

algo que se alimenta do corpo dela.

algo que se movimenta. que a comprime por dentro, sempre querendo mais e mais espaço.

ela quer destruir o intruso.

matar

expurgar

ele se movimenta em seu abdôme.

e a cada movimento

ela se lembra de outro monstro

de outra invasão.

ela quer matar os monstros.

ela precisa.

mas não consegue.

por quê?

por quê?
não gosto do seu silêncio. ele me lembra demais coisas ruins.

às vezes me sinto bobo, querendo que você fale.

você tem direito de ficar quieta.

eu só acho o silêncio estranho, às vezes.

sagrada blasfêmia

quero provar de novo seu corpo. o gosto nunca me saiu da cabeça.

meus dentes arranhando a pele, enquanto a língua brincava alucinada, sentindo cada porção de pele.

penso em seu sangue, sempre, sempre, quando olho para as veias sobressaltando-se na pele clara do seu braço.

penso no vermelho. penso no gotejar lento e interminável.

seu corpo

seu sangue

quero comungar com você.
há um mundo estrangeiro a minha espera.

eu sempre soube que não estava preso a um lugar.

estranha sensação de perceber que se é menor e maior do que se imaginava.

tudo ao mesmo tempo.
gosto dos seus cabelos coloridos...

arte

não escrevo poesias,
sou vítima delas.
insinuam-se, obscenas,
cheias de curvas,
parábolas,
hipérboles,
metáforas à mostra.

figuras de linguagem
me seduzem

não escrevo contos,
eles me são entregues em sonhos
por deuses antigos.
encontro-os em antiquários,
escavo-os de antigas pirâmides.

não há um único texto em mim que seja meu
esqueço-os assim que os transporto para o mundo.
psicografados,
teletransportados,
imaginados.

não há uma única verdade em mim que seja absoluta
somente a absoluta falta de verdades.

as palavras brincam ao meu redor,
eu as absorvo

regurgito poemas disformes
contos órfãos com bocas famintas
de leitores.