20.1.07

por que eu estou triste?
olho os horizontes, como se procurasse uma resposta para a inquietação que toma meu peito. as nuvens distantes deslizam silenciosas, desdenhando dos pobres seres que vivem abaixo.

penso no que foi tirado de mim. uma lembrança feliz que eu nem cheguei a ter. um pequeno sorriso que foi calado antes mesmo de surgir.

eu sinto inveja de outras pessoas.

não por causa das riquezas que conseguiram ou dos seus feitos. tenho inveja dos sentimentos que eles conhecem e que, nesse momento, me parecem ter sido roubados.

o silêncio é a minha única resposta. o deslizar suave das nuvens é o único sinal que recebo dos seus.

há uma lágrima que eu reprimi e que insiste em aparecer quando eu não preciso.

quero ser feliz um dia.

19.1.07

butterflies and hurricanes

change,
everything you are
and everything you were
your number has been called
fights, battles have begun
revenge will surely come
your hard times are ahead

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

change,
everything you are
and everything you were
your number has been called
fights and battles have begun
revenge will surely come
your hard times are ahead

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

don't,
let yourself down
don't let yourself go
your last chance has arrived

best,
you've got to be the best
you've got to change the world
and you use this chance to be heard
your time is now

the muse - butterflies and hurricanes

16.1.07

ele observa o fogo.

hipnotizado, parece não perceber mais nada.

mas o fogo se apaga.

e ele fica lá, olhando a escuridão.
a vida é uma sucessão de saudades.

noites

a calçada molhada brilha, refletindo as luzes de letreiros de neon. uma chuva fina e fria cai no meio do verão, forte o bastante apenas para incomodar enquanto se anda, mas fina demais para se ter vontade de abrir o guarda-chuva.

ele caminha sozinho, a fumaça do cigarro desvia dos pingos que caem do céu. imerso em pensamentos antigos, ele deixa a rua guiá-lo. ele olha para os letreiros que piscam e se revezam em cores fortes com promessas de sensações intensas e prazer inigualável. ele sabe que as luzes das fachadas servem apenas para esconder a verdadeira natureza do lugar.

ele pensa nas mulheres que exibem corpos cheios de marcas de anos de abuso, pensa em crianças perdendo a virgindade em camas sujas para quem pôde pagar mais. ele pensa em filhos criados em meio a álcool e drogas; violência e indiferença.

homens sem alma o olham, desconfiados. o cheiro da rua é forte e desagradável. em um beco escuro, uma mulher entrega seu corpo por alguns trocados para comprar comida. ele se pergunta se há algum alimento que vá tapar o buraco em sua alma.

então ele a vê: o corpo franzino mal desenvolveu curvas que a deixam parecida com uma mulher adulta. o olhar mantém algo de infantil, mas falta algo. ele imagina que seja a inocência perdida há tempos. ela veste roupas curtas que mostram uma pele branca.

ela o vê chegando e finge um sorriso.

o homem pára na frente da menina. ele a olha em um longo silêncio.

ele a vê em outra noite como essa. ele vê o corpo franzino. o olhar inseguro. a pele quase etérea.

e ele vê um corpo jogado em um canto. um corpo de menina.

ele olha novamente para ela e percebe que aquela ali é outra garota.

e mais uma noite, ele foge para as sombras.

e mais uma noite, ele chora em silêncio, pedindo perdão.
eu a observo todo o tempo que posso.
imagino o que passa na cabeça dela, enquanto ela olha para o nada, quieta.
observo o sol bater nos cabelos dela, produzindo brilhos de cores intensas.
invento uma piada boba, para vê-la sorrir...
vejo-a correr, feito criança, feliz e sinto um calor gostoso no peito.

ela me faz bem.

tempus fugit

eu perco o tempo entre os dedos.
entre as batidas do meu coração, os momentos se passam, únicos.
o conforto silencioso da noite termina em um brilho solar.
a necessidade da vida me retira do sono.
vivo, pois, entre os segundos do ponteiro do relógio.
sorrio, choro, amo, machuco.
vivo, a cada segundo, toda uma vida.
pois em algum lugar
o tempo espera, inexorável.
finjo fugir dele, procuro a imortalidade em minhas palavras,
mas ele espera.

no fim, ele é só o que resta.

14.1.07

eu estou de saco cheio dos medos.

e querendo quebrar alguma coisa, agora.
eu sempre arranjo um jeito de estragar tudo...

eu quero o mundo todo, de uma vez só.

(suspiro)
eu gosto de quebrar paredes.

não sei ficar sentado olhando para a parede, esperando que ela caia por si só.