10.8.06

desejo de mais

eu quero você, menina.

quero os segredos que seu sorriso dissimulado guarda.

quero as dores que o seu peito carrega.

quero cada detalhe do seu corpo gravado em minha mente, em minhas mãos e em minha boca.

quero abrir o seu peito com uma lâmina que você não conhece.

quero fazer seu coração parar e bater novamente.

quero de você o que é imoral, o que é baixo.

quero ser o seu céu, o seu paraíso.

quero cada desejo seu transformado em realidade a dois.

quero ver você filosofar, bêbada, em um bar com vinho barato.

quero ver você pedir mais.

quero ver você chorar.

quero ver você sorrir com olhos brilhantes.

quero ver você me pedir para ficar.

quero ver você gritar para eu ir embora.

quero seu amor.

quero todo o seu amor.

quero o que é vivo em você

quero fazer você morrer um pouco.

quero te fazer perder o ar.

quero te fazer respirar algo novo.

quero delirar ao seu lado.

quero ver seus sonhos.

quero te ajudar a sonhar.

quero amar na chuva.

quero te fazer gritar meu nome.

quero você.

quero tudo em você.

quero agora.

e quero mais.

a dança

ele muda o ritmo aos poucos, tendo a certeza de cada passo. cada movimento é preciso em si e parece minimamente calculado, mas cada um deles nasce espontaneamente, seguindo os novos tons que ganham o ar.

ela hesita, um segundo, antes de decidir se divertir, deixando-se levar.

eles rodam no salão de baile vazio. somente os dois dançam, a noite é só dos dois.

o homem dá uma velocidade nova aos movimentos, uma cadência diferente, alternando posições, enquanto trás lentamente o corpo da parceira para mais perto de si.

ela sorri, confiante de si própria, conhecedora da arte de seduzir com seu corpo e seu olhar. ele, no entanto parece olhar além dos olhos dela. parece abrir um buraco em todas as barreiras que ela criou em si. ela aos poucos fica fascinada com o olhar. ela deseja mais.

e ele gira com ela, sem parar, não dando tempo dos pensamentos dela se assentarem.

ele guia a música, agora. ele dá o ritmo, ele é o maestro desse número de dois.

9.8.06

want

she want me!
your mind won't let you say that you want me
your mind won't ever, never let you say what you want
you howl and wail like a banshee
still your mind wont ever let you say
your mind won't let you say that you want me
your mind won't ever, never let you say what you want
my little tired devotee
your mind don't even let you feel

quivering now, shivering now, withering
your mind won't let you say that you're
wondering now, pondering now, hungering
won't let you say that you're
questioning, wavering, weakening
you mind won't let you say that you're
hearkening, listening, heeding me now
won't let you say that you want

your mind won't let you say that you want me
your mind won't ever, never let you have what you want
i feel your hunger to taste me
still your mind won't ever let you say
your kind is just the type that should use me
but your mind won't seem to let you have
the opportunity to abuse me
your mind won't even let you feel

quivering now, shivering now, withering
your mind won't let you say that you're
wondering now, pondering now, hungering
won't let you say that you're
questioning, wavering, weakening
you mind won't let you say that you're
hearkening, listening, heeding me now
won't let you say that you want...me

savor the addiction, savor the affliction, savor me
savor the addiction, savor the affliction

savor the addiction, savor the affliction
savor me, savor her mind

your mind won't let you say that you want me
because your mind won't let you say that you want me
your mind won't let you say that you want me
because your mind won't let you say
that you want me to want me
your mind won't let you say
that you want me to want me
mind won't let you say
that you want me to want me
won't let you say
that you want me to want me

what do you want?

disturbed - want

6.8.06

eu escrevo para exorcizar
escrevo para amenizar
para insultar
aclamar

incomodar


sangrar



a alma.

lost hope

ela sonha todas as noites, por baixo da maquiagem pesada. ela quase consegue ouvir a voz dele, por baixo da música alta.
ele virá um dia, buscá-la. não será lindo, não virá num cavalo branco, tampouco será um príncipe.
mas ele será diferente de todos os outros.

ela sonha com os poemas que ele escreve, enquanto escuta a promessas de bocas com hálitos de álcool e ácido.

ela se guarda para ele, enquanto se entrega a outros homens por dinheiro.

para ele, ela será sempre virgem. há um lugar dentro dela que nenhum homem além dele jamais irá alcançar, com beijos ou socos.

ela sonha com os presentes que ele dará, enquanto sente o veneno de cor clara entrar em suas veias.

um dia, ela acorda.

e pela primeira vez, ele não está lá.

nunca mais estará.

canção do apocalipse

o nordestino canta a morte
sua companheira inseparável
na seca do seu mundo.

o nordestino canta a seca
a terra rachada,
a fome velada,
canta o coração com sede.

o nordestino canta a sede,
a sede da carne,
a sede da alma,
a saudade dos que se foram.

o nordestino canta a saudade,
a falta do verde,
a saudade da lágrima
derramada do céu.

o nordestino canta o apocalipse;
ele espera pelo fim;
canta a certeza da vinda do paraíso
pois o inferno está logo ali.

eu tenho uma alma inflamável


eu quero destruir tudo o que já foi levantado pelo homem.

cada prédio, cada barreira, cada promessa vazia.

e quero reconstruir tudo, com novas cores.

quero ser a nêmese de tudo o que foi chamado de convencional.

e quero ser o sonho de crianças mortas.

e quero ser o som de uma guitarra, durante a madrugada.

quero tudo.

e quero mais.
vi seus olhos brilharem, ontem.

nossa. como eu quero me perder neles.

me encontrar neles.
a espiral toma conta do espaço vazio...

levantando a poeira, deixando marcas, remexendo o que havia sido jogado ao chão.

o tornado em tons de vinho aumenta de intensidade, sua força arrancando pedaços dos muros. quebrando barreiras antigas, ele atravessa os limites da minha alma.

e se intensifica ainda mais com o que encontra lá. ganhando nova força, o fenômeno se transforma em algo novo. tocando cada pedaço, cada parte, ele mistura suas cores às cores dali.

algo novo nasce.

de coisas egoístas

- sabe? eu acho o amor um sentimento egoísta.

- como assim? o amor não é entrega? não é confiança?

- é! é sim. na superfície.

- como assim?

- ah... assim: é claro que, quando você ama, você quer bem à pessoa. você quer ficar junto, fazer coisas para aquela pessoa.

- sim. isso não é se doar?

- é... mas qual a razão disso? não é só fazer o outro se sentir bem. o que acontece é que quando você ama, projeta no outro a sua própria felicidade. a outra pessoa fica sendo, de uma maneira ou de outra, a sua referência para você mesmo. e então, o que você faz e cuidar de você mesmo!

- ah! não. não acho isso. é possível se sentir bem por fazer bem aos outros.

- tá. VOCÊ se sente bem por fazer algo por outra pessoa. nós somos animais, sabe? mesmo lá no fundo, escondido por milênios de "sociedade", somos animais. você faz bem a alguém porque você também se sente bem com isso.

- ok! você quer acabar com todo o romantismo.

- não, não! eu só afirmo que por baixo de tudo o amor é um sentimento egoísta. eu adoro fazer coisas bobas e românticas, mesmo sabendo que muitas vezes as faço para que eu me sinta bem.

- tá. então o amor é fruto do egoísmo humano?

- é! e eu sou um dos maiores egoístas!!!