7.4.06

"até confundiria a doce e bela com a boneca, á bailarina, pois os olhos eram os mesmos brilhantes, somente diferenciados pela dor de um pequeno soldadinho de chumbo deixado do outro lado, onde ela, bela, não pode nem enxergar. que bom que a noite está quente ao menos acalenta o coração seu, que há resquícios do corpo dele e pode esfriar até não senti-lo mais pulsar."

uma pequena borboleta de cores brilhantes e misteriosas deixou isso pra mim...

6.4.06

ele abre as pesadas cortinas que cobrem a janela do estúdio.

uma luz branca invade o ambiente, limpa e intensa. o homem fecha os olhos, sentindo a luz tocando a pele acostumada à escuridão.

os móveis estão cobertos em panos empoeirados.

ele caminha até o centro, onde retira os panos de cima de um antigo piano de cauda.

sentado no banquinho, ele observa as teclas. os dedos encostam produzindo um som alto e claro.

ele começa a tocar, ainda vacilando, errando um pouco o compasso. mas os dedos vão se recordando aos poucos.

e a melodia toma o ar, e o estúdio vibra com luz e som, há muito esquecidos por ali.

ele sorri...
eu já machuquei pessoas com o que escrevo.

já machuquei a mim mesmo com o que escrevo.

é um poder estranho, esse. palavras que não existem no mundo concreto. pulsos elétricos combinados em códigos numéricos, impressos em luz, na tela de um monitor.

e mesmo assim carregadas de uma força quase sobrenatural.

5.4.06

os olhos dela brilham, mesmo por detrás dos óculos.

e ele acha aquilo lindo, distraído em seus próprios pensamentos.