olho ela deitada na cama. as curvas do corpo nu ainda me causam um sentimento intenso.
eu sei tudo sobre ela, qual o jeito que ela gosta de dormir, como é o sorriso dela, qual a cor do olhar. e ao mesmo tempo, aquela mulher deitada na minha frente é uma completa estranha para mim.
por que tudo sempre retorna ao mesmo ponto? por que sempre pareço procurar algo que foge de mim quando chego perto. a minha felicidade parece água escorrendo das minhas mãos enquanto tento em vão agarrá-la.
passei a noite aqui, no sofá, olhando para ela e vendo outras mulheres em outras noites assim. há algo de belo na tristeza, eu dizia antigamente. agora, eu repudio essa beleza árida.
não quero deixá-la. não quero passar por aquela porta e descer as escadas. não quero atravessar a rua sem olhar para trás.
ao mesmo tempo, não consigo deixar de pensar que eu sou o causador de todas as coisas erradas aqui.
me sinto só. se todas as pessoas do mundo estivessem aqui, agora, eu me sentiria só. porque a minha alma se perdeu da única alma que importava para mim.
me levanto em silêncio. caminho em direção a cama, sempre observando a respiração dela. beijo-a delicadamente na testa enquanto uma lágrima cai, escorrendo por nossos rostos.
adeus, meu amor.
eu passo pela porta e desço as escadas. atravesso a rua sem olhar para trás. mas um pedaço de mim ficou naquele quarto.
me pergunto sobre o dia em que não sobrarão mais pedaços.
11.12.06
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