ela aperta o cigarro contra o cinzeiro, apagando o que restou dele e solta a fumaça de uma forma perfeita.
ele observa a névoa branca e espessa, dispersando-se no ar e se misturando ao vapor que sai de seu capuccino. comenta sobre o filme que viram há pouco.
ela bebe o café, olhando-o por detrás da xícara. ele pensa que em algum lugar do mundo, homens poderiam ser presos só pelo que passou de leve em sua cabeça e tenta montar uma frase sobre qualquer coisa.
ela pensa em como a vida é estranha. em como é familiar estar ali, mesmo que nunca tivesse imaginado aquela situação, aquele lugar. ela pensa em como ele parece distraído e pensa que, gostaria de chegar mais perto daqueles lábios.
ele a olha e a pega olhando para sua boca. ele pensa na fixação que as meninas têm pela boca dele e esboça um sorriso. comenta sobre campbell e algo que leu sobre bukowski, um dia desses.
ela pega a cartela de cigarros e brinca com um deles, entre os dedos. ele puxa um isqueiro e ela sorri, lembrando-se de uma brincadeira dos dois.
ele acende o cigarro dela e pensa em coisas que o fariam ser torturado em alguns estados americanos. o gosto do capuccino é doce. gostaria de saber que gosto os lábios dela têm.
ela dá uma tragada e solta a fumaça em direção a ele. por um desses mistérios do mundo, a fumaça parece envolver os dois, aproximá-los, cada vez mais.
ele se levanta, comentando que acha que ela precisa ir, pois precisa acordar cedo no dia seguinte. ela concorda, desanimada e levanta-se, também. começa a caminhar, pensando em como algumas coisas são tão difíceis, mas após alguns passos, sente a mão dele agarrando seu braço.
ela olha na direção dele pensando em dizer algo, mas os lábios dela a tocam. ela fecha os olhos e se cala.
a fumaça que sai do cigarro dela os envolve, misturada ao vapor de café e capuccino.
30.6.06
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