24.8.06

vingança

ele guarda a arma dentro do coldre escondido por baixo do paletó cinza. uma última lágrima escorre por seu rosto e ele jura a si próprio que será a última.

o corredor escuro tem cheiro de vômito. baratas e outros vermes se arrastam pelo chão enquanto ele se afasta. o disparo da arma ainda parece ecoar, distante.

ele não se preocupa, naquele lugar, ninguém seria testemunha. não existem almas boas no inferno.

o elevador soa como se um animal morrendo antes de começar a se mover em direção ao térreo. dentro, a luz pisca erraticamente.

ele fecha os olhos. ele quer não sentir nada.

quer sentir somente a paz daqueles que estão prontos para morrer.

mas a lembrança do corpo dela na mesa do necrotério ainda está quente demais.

o sangue ainda está fresco demais.

o homem grita de ódio, de dor. soca a parede do elevador, que urra como um dinossauro de metal.

a luz se apaga.

a porta se abre.

e de dentro do elevador, algo sai. não é o homem que entrou há pouco. nem ao menos se parece um homem, agora.

mas ele quer vingança. e a arma junto ao seu peito está carregada...

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