21.8.06

ladeira

não preciso de você
nem de suas palavras vazias

mas não consigo viver sem elas
e não consigo viver sem você

uma noite eu disse que você seria minha ruína

aquela noite eu construí um epitáfio para mim

sim. você será minha ruína,
me entrego em sacrifício por você

pois assim eu me liberto
da minha prisão,
dos meus conceitos,

e reencarno
novo
limpo

você ama o momento
eu insisto em querer me tornar cada momento seu

quero sentir que há algo que brilha em você
por trás da fumaça do cigarro.

balas verdes em paralelepípedos

eu jogo
eu desisto

volto novamente, novo, inspirado
me torno algo novo a cada dia

pois a cada dia você me mata um pouco.

não. não quero um pouco de atenção

quero ser apocalipse, quero ser a atração principal

destrua-me
desata-me
decifra-me

pois eu devoro.

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