11.10.05

na estrada

ele olha para as colinas que passam pela janela do ônibus e pensa em como seria estar nelas...

os vales abaixo da estrada são cortados por rios e o homem pensa no rio de sua própria vida, que parece sempre seguir por caminhos não mapeados. ele observa as correntezas e pensa no passado e no que ainda pode acontecer.

as curvas da estrada trazem paisagens conhecidas da estrada que segue de volta para a casa dele. algumas poltronas à frente um casal se abraça e riem juntos de alguma coisa da qual só os amantes acham graça.

o rapaz olha para a vaga na poltrona ao seu lado, ocupada por algumas bolsas e outros objetos dele e ele pensa em como essa situação poderia ser uma metáfora perfeita da sua vida.

ele sempre viajou sozinho... mesmo quando alguém se oferecia para sentar no lugar ao lado dele, ele olhava para o lugar e dizia que estava ocupado com as suas bolsas e que nada poderia fazer.

ele tem pensado demais, nisso...

e, num gesto bobo, ele pega as bolsas e coloca-as no compartimento de carga, acima de sua cabeça.

o lugar ao lado dele agora está vazio.

e ele sente que uma nova viagem apenas começou.

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