ordenei aos homens que reforçassem a parede de escudos, mas meus gritos quase não podiam ser ouvidos. por entre as brechas na nossa formação vi os lanceiros inimigos descendo a colina, vindo para cima de nós como a própria fúria dos deuses. ao primeiro choque de armas, muitos dos nosso caíram diante das lanças e escudos. a chuva se tornara mais forte, fazendo com que o ar se tornasse pesado e a lama devorasse nossos pés, impedindo que pudéssemos manter o equilíbrio.
ao meu lado, um jovem, pouco mais velho que meu próprio filho recebeu o impacto de uma espada que entrara fundo em seu ombro e jogando-o para cima de mim. empurrei o garoto para o chão a tempo de desviar do golpe de uma lança. segurei o cabo da arma e puxei o traidor que a empunhava em direção a mim. com um golpe rápido, cravei a lâmina da espada em sua cabeça. o sangue espirrou em meu rosto, quando puxei a lâmina de volta e agradeci a meus anos de treinamento ao lado do próprio rei.
gritei para que os homens estocassem com as lanças por baixo, para que os inimigos que estivessem na frente caíssem, diminuindo o avanço do exército.
estávamos em menor número e em posição defensiva, mas após anos de lutas ao lado dos maiores campeões da bretanha nos fizeram confiantes. talvez até confiantes demais.
nos esquecemos que a luta não era contra os selvagens saxões e suas turbas descontroladas. o exército inimigo era formado de guerreiros que como nós passaram a vida enfrentando os inimigos da bretanha.
o bastardo usurpador havia seduzido a todos com suas promessas de riquezas, se os chefes das tribos o ajudassem a matar o rei. depois de anos sofrendo contra ataques dos saxões e pictos, os homens precisavam de uma figura que mostrasse que ainda podíamos conquistar. que o ideal de paz era um sonho de um rei louco e fraco.
numa batalha como essa, a confusão toma conta do campo em pouco tempo e os momentos iniciais são sempre os decisivos. havíamos combinado na noite anterior por usar a estratégia que dera certo em outros momentos assim. o rei e os cavaleiros iriam se afastar como se estivessem fugindo do campo de batalha, enquanto na verdade estariam dando a volta para pegar os inimigos pela lateral e criando assim duas frentes de batalha, que iriam dividir a força, dos ataques.
eles já estavam quase chegando ao largo do exército quando perceberam que foram eles mesmos as vítimas de uma emboscada. os traidores mantiveram seus cavaleiros afastados, esperando o ataque de nossa cavalaria para correr ao encontro deles.
o próprio usurpador tomava a frente do grupo inimigo, cavalgando sua montaria negra, com armadura e roupas negras, como um dos próprios filhos de scathach.
comandei meu grupo para tentar correr naquela direção, mas a batalha havia afastado muitos deles. corri sozinho, tropeçando na lama e no corpo de homens caídos, na direção do rei, mas fui interrompido por um golpe pesado em meu ombro esquerdo. o barulho produzido se transformou em uma dor profunda e na certeza de que eu não poderia mais usar aquele braço em um campo de batalha nunca mais. virei-me para encarar meu inimigo, mas um novo golpe me fez cair com a cara na lama. comecei a arrastar-me para longe, pedindo à morrigan que levasse minha vida logo.
17.10.04
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