ele toca o espelho, fascinado.
a imagem do outro lado é embaçada... como se coberta por uma fumaça espessa. quase leitosa.
ele não se reconhece no reflexo.
não reconhece os olhos, não reconhece a face. o cabelo está diferente.
ainda assim, ele sabe que no mundo inteiro, não há nada que se pareça tanto com ele.
ele toca o espelho, imaginando como seria atravessar.
ele pensa em hiatos, tempos, erros e acertos. pensa em distâncias entre corações e mentes.
ele imagina o que a pessoa do outro lado do espelho pensa.
o toque da superfície espelhada é frio.
raiva. ele sente raiva e frustração.
grita em direção ao reflexo.
esmurra o vidro.
uma rachadura em forma de teia marca o espelho.
um filete de sangue escorre do local onde o punho bateu.
do outro lado, uma pessoa olha.
diferente, mas ainda assim, iguais.
20.7.07
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