a fumaça com cheiro de pólvora se mistura à fumaça de tabaco.
os tiros ainda ecoam no beco. o homem de sobretudo segura a arma no ar, como se fizesse pose para uma foto.
a chuva escorre do corpo caído. uma poça de água e sangue se forma no chão. olhos vidrados olham em direção ao céu.
o homem joga o resto do cigarro fora e guarda a arma calmamente. sente o cano ainda quente, no coldre junto ao peito.
ele fecha o sobretudo e caminha em direção a um carro. a chuva cai violentamente, como se deus quisesse lavar o mundo de tudo o que é errado.
"não ia sobrar muita gente", o homem pensa.
ele entra no carro e pega algo no porta-luvas. olha o distintivo da polícia por um segundo e o recoloca dentro do bolso da camisa.
um celular toca. o homem atende:
"eu."
"e então?"
"já foi."
"ótimo. nos encontramos mais tarde?"
"ok. mas esse foi o último."
"a gente conversa sobre isso depois. no lugar de sempre?"
"é. trás a grana."
"claro. até."
as luzes dos faróis tentam iluminar a noite, mas a chuva não deixa.
o homem sai com o carro, sabendo que o corpo que está jogado no beco não foi o último. mais um corpo espera por ele num restaurante, com uma mala cheia de dinheiro.
10.9.06
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