9.5.06

moto perpétuo

o tráfego parece quase irreal, daquela altura.

o vento sopra forte. o homem está sentado no beiral do prédio, olhando para o abismo de concreto metal e vidro abaixo dele.

ele gosta da sensação do vento. fecha os olhos e sente a força das rajadas velozes, nos cabelos, no rosto.

ele pensa em como é silencioso, naquela altura. os sons das ruas são murmúrios distantes.

olha para os céus. imagina que se esticasse os braços, poderia alcançar as nuvens.

o sol do outono brilha, trazendo luz mas não calor. o homem sentado no beiral do prédio gosta da sensação.

liberdade. é isso que ele sente. a liberdade de escolher o que fazer.

ele se dobra para a frente, caindo no vazio.

um silvo nos ouvidos, a pulsação acelerada, o vento frio e cortante.

um sorriso no rosto.

ele fecha os olhos.

o homem acorda...

está sentado na frente do computador. o cursor pisca, pedindo as palavras.

ele escreve sobre um homem em um prédio.

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