4.5.06

guardião da luz

a chama da vela faz com que as sombras tomem vida própria, movendo-se de maneira errática.

ele observa a vela queimar. lembra-se de quando era criança e a luz acabava, nas noites de verão. ele e o irmão ficavam brincando no quarto, à luz de vela.

faziam animas de sombra... contavam histórias de terror... conversavam sobre o mundo.

lembra-se de que ficava hipnotizado com o tremeluzir da chama.

imaginava que, se a vela queimasse até o fim e o fogo se apagasse, não existiria nada no mundo.

a vela era tudo o que mantinha as coisas ainda existindo. sem ela, só escuridão e esquecimento.

ele guardava a chama, mas os olhos ficavam sempre muito pesados, o dançar do fogo era quase hipnótico, era difícil ficar acordado...

ele abria os olhos novamente e lá fora o sol já brilhava no céu. um monte de cera derretida jazia, onde antes estava a vela. o fogo havia se apagado.

mas o sol trouxera novamente a luz ao mundo.

haveria mais um dia, enfim...

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