ele apreciava a dança. sabia olhar nos olhos da parceira, entendia na linguagem do corpo dela o próximo passo, o gesto que se seguiria.
imaginava-se acompanhando-a, sem tocá-la, a milímetros da pele dela.
a precisão era fundamental.
aprendera essa dança há pouco tempo. sempre achara que precisavam dançar juntos, um levando o outro, o tempo todo. mas entendeu que ele se fosse realmente preciso, ela não perceberia o que estava dançando até estar totalmente envolvida no ritmo.
ele precisava conhecê-la primeiro. dirigia-lhe um olhar ou outro... algo quase casual. aproximava-se de leve, despretensioso.
até que ele mudava o olhar (era especialista nisso). esse olhar era misterioso, profundo.
e principalmente, penetrante.
caminhava em direção a ela, ainda de forma despretensiosa, mas o olhar se mantinha fixo.
parava bruscamente, à frente dela. e esperava.
ela nunca sabia o que fazer, à princípio... não conseguia definir o olhar que recebia... seu rosto ficava quente, precisava fazer algo.
então, em algum lugar na mente dela, começava a ouvir um ritmo... algo que parecia antigo... tambores? não conseguia definir... mas não aguentava mais...
e então a dança começava.
ia em direção a ele, para tocá-lo, mas ele se afastava (era imprescindível, nesse momento, se manter a uma distância precisa).
os movimentos dela eram instintivos, agora. tentava se aproximar, os olhos não viam nada além do parceiro.
ele sorri, um sorriso fugidio... adorava cada passo.
o ritmo aumenta de volume e fica mais rápido.
os dois se movem, giram.
a música toma o ar.
ele então faz seu ato final. quando ela não pode mais se livrar, ele a toca, puxando o corpo frágil em direção ao seu, colando-a junto a si.
ele a beija.
outra dança tem início.
23.5.06
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