6.3.06

o calor no quarto pequeno e sujo é esmagador, mas ele parece não sentir.

do lado de fora, barulhos da noite cortam o ar carregados de perversão.

o cortiço é um antro de prostitutas e párias, esquecido em bairro antigo de uma cidade que se diz maravilhosa, mas que por dentro está apodrecida, como uma fruta que ficou tempo demais exposta ao mundo.

ele está no centro do quarto.

ele segura um crucifixo que encontrou mais cedo, na cama de uma menina de 7 anos, que morreu sozinha, depois de ter tido seu corpo destruído pela pessoa que deveria protegê-la do mundo.

ele pegou o crucifixo quando a encontrou. a menina ainda o segurava por entre seus dedos.

ele está ajoelhado ali, segurando o crucifixo em uma das mãos e sussurando.

na outra mão, há uma faca.

ele a levanta solenemente, como num rito e começa a cortar.

o sangue desce das suas costas, enquanto ele arranca as asas...

Um comentário:

Renato Guilarducci disse...

Muito phoda para caraleow!!!!!!
Maneiro mesmo!!!!!!!!