sentada nos degraus da escada no saguão do ccbb, ela olha para as pessoas, com um olhar distante, que parece atravessar tudo.
no seu peito, um sentimento estranho, toma conta de tudo. uma mistura de coisas que ela não consegue definir.
ela lembra da conversa que teve no início da semana. palavras trocadas de maneira vacilante... olhares silenciosos e tristes, que diziam muito mais a quem prestasse atenção aos dois. no bar, pessoas conversavam de maneira alegre, ignorando o casal na mesa escondida.
ela lembra dos primeiros encontros, do sentimento que fazia seu corpo tremer de calor e frio. dos assuntos intermináveis. da cumplicidade que só um casal apaixonado pode ter. de todos os novos sonhos que se formavam num coração já acostumado com coisas ruins.
onde fora tudo aquilo?
ela lembra das brigas, da falta de entendimento. lembra-se de passar noites em claro, perguntando o porquê de tudo parecer fora de sincronia.
as pessoas certas, no momento errado.
então ela lembra da apatia. da falta de perspectiva no futuro.
ela precisava dar um jeito. não queria terminar tudo como se fossem inimigos.
sentada na escada ela olha além, tentando definir o sentimento que toma seu peito.
no caderno em suas mãos ela escreve e escreve. as páginas sabem mais dela do que quase todos os que a conhecem.
de repente, ela olha uma página em branco, onde uma lágrima fez uma pequena mancha, que desaparece aos poucos.
e a página em branco diz para ela que de alguma forma, a vida precisa continuar.
ela pensa em tudo o que já fez na vida. nos caminhos que percorreu.
pensa na chama que queima o espírito.
sentada naquela escada ela olha para a página em branco e percebe que não existe um fim, até que o livro seja fechado.
ela olha para as pessoas, vendo os rostos, imaginando seus pensamentos.
e, para aqueles que prestarem atenção, um pequeno sorriso se formaria no rosto dela.
22.9.05
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Um comentário:
Lindo!
Eu quase poderia ter escrito isso...
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