3.7.05

vampiro

eu caminho entre os vivos,
mas não posso me considerar como um deles.
tão pouco estou morto.
sou uma visão,
uma aparição,
a sombra de uma vida

uma possível vida
à qual abdiquei há tempos.

tantas esperanças, eu enterrei.
tantos sonhos abandonei.
tantos corações, destrocei.

mas meu coração resiste,
batendo saudável,
dentro do peito.
mas o sangue que ele bombeia,
este não é meu.

eu o roubei,
como roubei a vida de tantos,
me apoderei de seus sorrisos,
tomei de assalto seus desejos

e os transformei em meus.
apenas para deixá-los diluir em mim.

apenas para ter forças para viver mais um dia...

apenas para continuar.

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