a menina está sentada no chão do banheiro.
ela olha para a faca de cozinha a sua frente.
sonha não estar ali. sonha em caminhar no meio de todos sem sentir que tudo o que existe é uma mentira. uma ilusão.
ela abraça as próprias pernas, procurando proteção dentro de si. mas ela encontra um vazio grande demais.
a menina chora.
e aos poucos as paredes vão desaparecendo. a pia pára de pingar e some. a porta trancada parece se tornar etérea. o mundo some, pouco a pouco a sua frente.
o vazio que havia dentro dela pouco a pouco ocupa todo o mundo. não há sons. não há sensações. só um nada claustrofóbico.
ela tateia o vazio. ela sente o frio do cabo de metal.
a faca raspa forte no braço. cortando, dilacerando a carne.
com força a menina faz sulcos fundos na pele clara.
a dor traz a realidade de volta.
e a menina balança a cabeça, sentada no chão frio enquanto fios de um vermelho vivo colorem o mundo.
17.5.07
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