não consigo afastar o olhar da luz que entra pela fresta na pesada cortina do quarto. a escuridão daqui faz com que o mundo lá fora pareça ser feito de um branco ofuscante.
sinto um pouco de frio... a coberta está jogada a meu lado, mas não quero me cobrir. olho meu corpo nu, no teto do quarto e, como sempre, não reconheço a imagem que se reflete.
ela fala algo, na ante-sala. não consigo ouvir, mas penso que a voz dela parece sempre brincar entre tons e meios-tons. sinto saudade dela, de forma súbita. há um cheiro no ar. odor de sexo. cheiro do meu corpo e do dela, misturados.
ela entra no quarto, nua. meu olhar, como sempre, pousa no meio das pernas dela. ela é perfeita em cada pequeno defeito.
segurando dois copos, ela olha para mim de forma curiosa. continuo olhando intensamente. em minha cabeça, pensamentos despem o corpo dela além da carne. quero olhar a essência dela.
ela caminha pelo quarto, passando rapidamente pela luz que entra na janela. o corpo dela parece brilhar por um instante. um anjo sem pudores, cheio de desejos.
pego o copo gelado... cheiro por um instante o vinho tinto e bebo um longo gole.
vinho sempre foi a minha bebida.
ela sorri... bebe um pouco e coloca o copo ao lado da cama. volta-se pra mim e me beija de leve. eu a abraço forte e beijo. começo a correr as mãos por seu corpo. ela move a língua dentro da minha boca e se encosta em mim.
o corpo dela é quente e macio. a boca puxa a língua em direção a ela. mordo os lábios dela, enquanto minhas mãos alcançam as coxas lisas e firmes.
ela me olha com um olhar lascivo. faz que não com a cabeça e afasta minhas mãos de seu corpo. ela se senta sobre mim e começa a se mover, com os olhos a poucos centímetros dos meus.
quero tocá-la. sinto vontade de puxá-la pra mim. quero estar inteiro dentro dela. luto contra ela, para livrar minhas mãos. ela resiste, sorrindo. livro-me por fim dos braços dela, mas algo acontece.
ouço o barulho vários segundos antes de perceber o que aconteceu. um calor estranho escorre pelo meu braço. olho-o na penumbra e percebo o sangue do corte. um caco de vidro do copo, ainda ensangüentado jazia a meu lado. não há dor e ela se move rebolando sobre mim.
levanto o braço em direção a ela, quase que por instinto. ela olha o sangue que desce por um longo instante, com os olhos arregalados. então, ela pega o braço, com delicadeza e o aproxima de si. sinto o toque dos lábios macios no corte.
ela não para de se mover sobre mim, soltando gemidos baixos.
olho para ela, enquanto ela passa o lado do corte por sobre seus peitos e abdômen.
não sei o que é, mas aquela visão despertou algo em mim. ver o corpo dela desenhado em vermelho me deixa com tesão demais.
começo a mover-me, puxando-a para mim. levantando o corpo dela no ar. meu corpo lateja de prazer.
o sangue escorreu por meu peito. ela se abaixa para lamber as gotas que se espalham.
quero-a para mim. quero-a toda. agora.
nos movemos com força. a cama range diante da violência. ela geme alto.
eu fecho meus olhos e de repente o mundo parece pintado em vermelho.
as estocadas ficam mais rápidas. ela geme cada vez mais alto, mordendo os lábios.
até que gozamos, um para o outro, forte... muito forte.
um gozo em tons de carmim.
30.11.06
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