5.7.06

pra você

a raposa corre por entre os arbustos...

"preciso fugir." é tudo o que se passa em sua cabeça. os olhos verdes percorrem o terreno, procurando o melhor lugar para se esconder.

o rapaz olha, à distância, o pequeno animal se afastar. ele não consegue entender o que acontece.

a raposa encontra sua antiga toca. o local onde dormiu no inverno. ela se sente segura. deitada, ela lembra-se do rapaz que encontrara num outono distante, que vinha todos os dias para a floresta, só para visitá-la. aprendeu a desfrutar da companhia dele. percebeu-se esperando o momento em que ele apareceria, só para chegar perto.

mas uma noite, uma noite a raposa teve um pesadelo. ela estava presa, dentro de uma jaula, iguais às que via alguns caçadores carregarem. e o rapaz estava lá fora e a olhava dentro da jaula.
e a raposa sentiu medo e raiva.

e ela precisou fugir.

agora estava deitada em sua toca, pensando no rapaz e na jaula. nas tarde de outono e no medo de estar presa, de viver uma vida como uma raposa presa.

quando uma melodia tomou o ar.

levantando as orelhas, curiosa, a raposa lembrou-se daquela música. o rapaz trouxe uma gaita, uma vez, até a floresta e tocou para a raposa.

"esta é sua música", disse o rapaz.

"nossa música".

e a raposa se lembrou que foi feliz naquela tarde.

o rapaz estava tocando, pensando naquela música e no que ela representava para ele, quando viu o pequeno animal de pêlos vermelhos e olhos curiosos perto de si. a raposa o observava.

ele se sentou numa pedra e continuou tocando. a raposa aproximou-se, até aninhar a cabeça em seu colo. ele a acariciou, sentindo o pêlo macio.

naquela noite, a raposa sonhou. e no sonho não havia jaulas ou medo. no sonho, ela era uma menina com olhos de raposa.

e o rapaz estava com ela.

Um comentário:

Anônimo disse...

Ah, meu amigo, quem dera um dia acordar ou sonhar e ter o "rapaz" ao meu lado. :o)
Abreijos! @}~