ele escalou uma montanha distante, "o teto do mundo", diziam. demorou vários dias, sofreu com o frio e com o esforço. mas alcançou o objetivo.
e lá, no topo do mundo, sobre tudo e todos, ele se sentiu sozinho.
então ele resolveu descer. queria agora caminhar entre os outros homens.
e ele foi para sua cidade natal e caminhou com os outros. vivia a vida que eles viviam, fazia coisas com outras pessoas.
e lá, no meio da humanidade, junto a todos, ele se sentiu sozinho.
ele viajou por todo o mundo... conheceu pessoas e lugares, mas sempre se sentiu só.
uma noite de outono, ele encontrou um jardim. estátuas de pedra adornavam o lugar, que tinha uma beleza quase mágica. no centro havia um banco de pedra, cercado de flores brancas e de um azul pálido.
uma mulher estava sentada no banco. seus cabelos vermelhos estavam amarrados em uma trança única, que ia até abaixo da cintura. a pele clara refletia a luz, criando uma aura à sua volta.
ela olhou para ele, e através de gestos, ofereceu o lugar ao seu lado, para que ele sentasse.
ficaram em silêncio por instantes, até que ela sorriu, olhando a lua. e falou:
"não há um lugar no mundo, uma única pessoa, que faça com que a solidão que você sente passe. porque o vazio que você sente não existe para ser preenchido. ele lhe foi dado para que você tivesse fome de sempre mais. mas não deve deixar que ele o consuma. saiba que sempre existirão lugares desconhecidos e pessoas com quem compartilhar seu tempo. você não estará nunca sozinho, sempre terá a mim e a esse jardim, para sempre"
ela o beijou carinhosamente, levantou-se e caminhou em direção às sombras.
ele nunca mais a viu. mas a partir daquela noite, ele caminhou muitas vezes sozinho pelo mundo, e muitas vezes se sentou no meio de muitos, mas não falou com ninguém.
mas não se sentiu mais só.
25.3.06
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