ele observa as crianças brincando na praça... sente algo estranho no peito... pensa que um dia gostaria de ter um filho... mas ele tenta esquecer isso, por enquanto.
o final da tarde mostra um céu com diversas cores, como se os deuses estivessem brincando com as palhetas do universo. ele gosta do pôr-do-sol. é um daqueles momentos que é muito melhor aproveitado quando não se está sozinho.
mas ele não quer pensar muito em solidão... as cores do céu se refletem na superfície do lago, onde dois patos nadam, alheios ao mundo em volta.
sempre tentou definir o que sentia... melancolia, saudade, amor, paixão... acreditou um dia que todos os sentimentos poderiam ser reduzidos à partícula fundamental que definiria cada um deles... mas aprendeu que em se tratando de sentimentos, pouca coisa poderia ser definida e definitiva... como conseguiria explicar nesse momento o que se passava em sua cabeça, sua alma e em seu coração?
"você escreve melhor quando está sozinho, né?"
ouvira essa frase de um amigo, uns anos atrás... pensou que era verdade, naquela época... mas era só porque os textos que ele escrevia falavam sobre solidão e tristeza. não gostava muito de lembrar dessa época, embora as coisas que sentia pareciam ser mais simples...
tanta coisa acontecendo ao mesmo tempo... quando tentava pensar em si, só conseguia ver um turbilhão de coisas...
ele voltou os olhos para as crianças, vendo-as brincar na praça... tentou imaginar o futuro, mesmo que naquele momento ele lhe parecesse distante...
6.10.05
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