ela caminha, cambaleando, em direção ao parapeito... os olhos estão vermelhos e lágrimas descem desordenadas pelo rosto pálido...
as mãos trêmulas tocam o metal frio, mas ela não sente... o olhar distante, contempla o horizonte do final da tarde e por um momento parece conter um brilho antigo, quando ela se lembra de quando eles vieram para a metrópole...
tantos sonhos... tantas promessas... tudo parece uma distante lembrança... um álbum de fotografias em sépia...
ela se lembra de quando ele foi embora... se lembra da falta, do aperto no peito e do vazio...
e ela se lembra do que teve de fazer para sobreviver na metrópole iluminada por letreiros de neon...
e se lembra da dor, da humilhação, mais vazio...
e ela grita... com todas as forças, ela grita... até o seu grito se tornar a voz da noite... até todos os sons da cidade se tornarem sussuros...
ela grita até se todo o ar se esvair de seus pulmões... mas a dor não vai embora... o vazio persiste...
e logo os sons da metrópole tomam o ar novamente... inexpugnáveis, invencíveis...
e nas ruas mais abaixo, letreiros de neon se acendem, projetando efeitos de luz e sombra nas ruas cheias de rostos vazios...
7.1.05
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